Na noite do último sábado, 14 de setembro, familiares, amigos e moradores da cidade de Porto Esperidião, que fica a cerca de 325 km de Cuiabá, se reuniram para prestar uma homenagem emocionada às irmãs Rayane Alves Porto e Rithiele Alves Porto, brutalmente assassinadas por supostos membros de uma facção criminosa.
O cortejo percorreu as ruas da cidade antes de chegar ao local do velório, passando pela sede do Partido Social Democrata (PSD), onde Rayane era candidata a vereadora.
Em frente à sede do PSD, o grupo fez uma pausa para colar fotos das irmãs, acender velas e realizar uma corrente de oração, em um último adeus carregado de dor e solidariedade.
O cortejo seguiu para a comunidade Tabuleta, onde as irmãs foram veladas. O sepultamento ocorreu na manhã do domingo, 15 de setembro, em meio a um clima de profunda comoção.
As investigações da Polícia Civil sugerem que o crime pode ter sido ordenado por um detento de uma penitenciaria que fica em Cuiabá. Segundo o delegado Higo Rafael, o mandante teria passado cerca de três horas em videochamada com os executores, dando instruções para o crime.
Durante uma busca na cela do suspeito, um aparelho celular foi apreendido e será submetido a perícia. Conforme a polícia, não há indícios de envolvimento das irmãs com atividades criminosas.
Elas passaram parte de suas vidas no circo e frequentemente expressavam nas redes sociais o orgulho pela cultura circense. A motivação do crime, de acordo com as investigações, teria sido uma foto publicada pelas vítimas nas redes sociais.
Na imagem, elas faziam um gesto associado à facção criminosa PCC, rival do grupo que executou o crime. Na casa usada como cativeiro, a polícia encontrou o irmão das vítimas em estado grave, com mutilações nos dedos, orelha e facadas na região da nuca.
Além disso, foram encontrados os corpos de Rayane e Rithiele, com sinais de tortura, estavam em um dos quartos. O namorado de uma das irmãs, que também foi sequestrado, conseguiu fugir após pular o muro do cativeiro.
Em depoimento, ele relatou ter sido submetido a torturas físicas e psicológicas pelos agressores, que se identificaram como membros de uma facção criminosa.
Após cometerem o crime, quatro suspeitos se hospedaram em um hotel da cidade e fizeram compras, sendo posteriormente detidos pela polícia. Ao todo, dez pessoas foram detidas por envolvimento nos assassinatos, mas uma adolescente foi liberada após ter sua participação descartada pelas autoridades.