Na última segunda-feira, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciou a saída do técnico Vadão do comando técnico da seleção. Algumas jogadoras comentaram sobre o assunto em evento realizado na FPF (Federação Paulista de Futebol), na última terça-feira.
– É uma decisão da CBF, a gente não tem muito o que dizer. Somos atletas. Tenho que dar o meu melhor independente de quem assuma. Cabe a CBF decidir quem eles vão colocar lá. Escolher é difícil. Não tenho como escolher com quem quero trabalhar. Tem que ser capacitado, competente, esteja informada em relação ao que acontece no país e faça o melhor possível – disse Cristiane, atacante do São Paulo e uma das referências do futebol feminino no Brasil.
– Eu acredito que, como atleta, não cabe a mim falar do Vadão ou da saída de quem quer que seja da comissão. Estamos lá para jogar. Independente de quem esteja, será bem-vindo. Não sei se eu permaneço, também. Espero ser chamada. Quero que quem entre faça o melhor, assim como nós – comentou Erika, jogadora do Corinthians.
Outro ponto que chamou atenção nas declarações de Erika, foi que ao ser perguntada sobre uma possível ida de Arthur Elias, seu treinador no Corinthians para a Seleção, ela expôs também sua posição sobre as treinadoras do ramo, as quais acredita que nenhuma está apta no momento a comandar o Brasil.
– No momento, não (sobre uma mulher assumir a seleção brasileira). São perguntas até surpresas. A gente precisa ter oportunidades de cursos, de buscar conhecimento. Aos poucos, estamos fazendo isso, tanto no jornalismo, futebol e vôlei. Estamos brigando por isso. Espero que os profissionais possam estar bem instruídas para servir a seleção brasileira. Queria ver as atletas assumindo cargos. Não posso falar mal do meu técnico (risos). É um profissional que não tenho que falar mal. Já trabalhei com ele no Centro Olímpico, gosto como dirige, da forma como se expõe para nós. Fico feliz, mas seria complicado sair do Corinthians. Estou com ele, aconteça o que acontecer.
Além da saída de Vadão, O coordenador do departamento Marco Aurélio Cunha também pode deixar seu cargo. Existe até a chance dele assumir outro cargo na CBF, o que será definido nos próximos dias.
Vadão, que esteve à frente do banco de reservas no período de 2014 e 2016 e depois de setembro de 2017 até seu atual desligamento, comandou a seleção brasileira feminina em 78 jogos, recorde, bem à frente do segundo colocado no quesito, Jorge Luiz Barcellos, que somou 51 partidas. Vale destacar que a primeira formação de uma seleção feminina foi em 1986.
“Vadão dirigiu a seleção nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, ficando em quarto lugar, e em duas edições de Copas do Mundo, no Canadá em 2015 e na França em 2019. Conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto em 2015, além de duas Copas Américas, em 2014 e 2018, sendo que esta última garantiu vaga ao Mundial da França e na Olimpíada de Tóquio-2020”, diz um trecho do comunicado oficial da CBF.
Fato é que depois da Copa do Mundo realizada na França, competição em que o Brasil foi eliminado nas oitavas de final para a anfitriã, o futebol feminino carrega a expectativa de dias melhores e maior reconhecimento. O Mundial teve grande presença de público nos estádios e, no Brasil, contou com transmissão da TV aberta e fechada, que passou todos jogos do torneio.
– Dessa vez, estou mais esperançosa. É um movimento diferente, uma projeção que não tem volta mais -, argumentaram Rosana e Francielly durante entrevista ao site de apostas Betway, duas jogadores medalhistas olímpicas que se aposentaram recentemente.
Ambas, primeiramente, anunciaram aposentadoria da seleção por conta da saída de Emily Souza, em 2017, que ficou apenas meses no cargo. Seu substituto foi justamente Vadão. Logo depois, as duas penduraram as chuteiras também por clubes.