A chamada neuralgia do trigêmeo, um nervo da face, é considerada a dor mais intensa registrada Paloma Oliveto
Numa escala de 1 a 10, ela é considerada a dor mais intensa que um ser humano pode sentir. De origem neurológica, a neuralgia do trigêmeo – nervo da face com ramificações oftálmica, maxilar e mandibular – atinge uma em cada 100 mil pessoas e, apesar da baixa incidência, preocupa os médicos, porque provoca uma grande perda na qualidade de vida do paciente. Além disso, faltam informações sobre a doença, não só entre o público em geral. Uma pesquisa realizada com 240 médicos de cinco especialidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Curitiba e Porto Alegre mostrou que 23% deles têm dificuldades em diagnosticar dores neuropáticas.
Segundo o anestesiologista Geraldo Carvalhaes, diretor da Clínica da Dor, em Belo Horizonte, não há exames que detectem as dores neuropáticas, caracterizadas por lesões ou disfunções do sistema nervoso. O cérebro interpreta essas lesões de forma exagerada, fazendo com que os pacientes as sintam com muita intensidade. Para chegar à conclusão de que uma pessoa sofre do problema, o principal diagnóstico é clínico. A partir dos sintomas, o médico descarta outros problemas, como infecções e tumores, até chegar à neuropatia
Além de indicar a dificuldade dos médicos em fazer esse diagnóstico, a pesquisa realizada pelo laboratório Pfizer mostrou que 82% dos pacientes precisaram passar por mais de um médico até descobrirem de que mal sofriam. O diretor-médico da empresa, João Fittipaldi, lembra que as pessoas costumam associar a dor a alguma alteração física, coisa que não existe no caso das neuropatias. “Sentir dor é muito desagradável e pode impossibilitar o trabalho e os relacionamentos pessoais, porque não há humor que resista a ela”, afirma. “Acontece que, muitas vezes, as pessoas acham que, por não terem uma alteração física detectada por exames como o de raios X, a alteração é psicológica. Por isso, é comum os pacientes contarem que passaram por vários especialistas antes de saber o que têm.”