Pianista, professor, compositor e regente, José Alberto Kaplan, completaria 74 anos no dia 16 de julho. Nascido em Rosário, na Argentina, Kaplan deu suporte a maioria dos movimentos musicais na Paraíba. Foi uma das pessoas mais influentes da história recente da música contemporânea. Uma pessoa que sempre acreditou que o trabalho e o estudo conduzia o músico para o melhor lugar. “Mais importante que a inspiração é a transpiração” era a orientação repassado aos alunos.
Músicos de todo o Brasil e do mundo estão de luto pela morte do grande mestre. “Era um pai pra mim, sua esposa Márcia Kaplan uma mãe”, confessou Eli-Eri Moura, aluno do músico e hoje, professor do departamento de música da Universidade Federal da Paraíba, o qual Kaplan ajudou a fundar. “Ele é referência não apenas pela obra deixada, acima de tudo era um grande educador, um compositor de renome nacional na música contemporânea. Muitos grandes músicos e pianistas devem a sua formação a Kaplan”, acrescentou Eli.
“Participei de muitos trabalhos dele, como a Cantata pra alagamar, da qual fiz participação na primeira gravação e na versão nova que está para ser lançada nesses dias”, lamentou o regente Carlos Anísio. Muito embora estivesse doente a alguns anos, Kaplan nunca deixou de trabalhar, continuava empreendendo. “Recentemente ele me chamou para me dar um parte de seus livros de memória, ganhei também um livreto de uma ópera que ele queria orquestrar. Isso demonstrou o quanto ele lutava contra a doença, ele não se entregava as coisas ruins que a vida lhe trouxe”, relatou Anísio.
A época de maior emoção para o regente, foi durante sua participação na Cantata pra alagamar. “Foi um momento muito importante, em plena ditadura, defendia os trabalhadores do campo, que teve naquela época uma grande repercussão. As pessoas da igreja e da política se voltaram para ele, porque a composição tinha um cunho político muito forte. Era uma denúncia que Kaplan tinha a favor dos camponeses na Paraíba. Para mim foi muito importante ter participado disso. Mostrou da parte dele muita coragem, mesmo estrangeiro teve a ousadia de se juntar com diversos visionários para transformar algumas culturas”, relembrou.
Kaplan sofria há 11 nos de seringomielia – uma doença degenerativa que atacava a medula óssea. Faleceu no final da tarde de ontem, às 17h15, no Hospital Samaritano. Durante o final de semana sofreu duas paradas cardíacas. Seu corpo será cremado às 10h na central de velórios Caminho da Paz, na estrada de Cabedelo.
José Alberto Kaplan foi regente Titular da Orquestra de Câmara do Estado da Paraíba. Como professor de Piano e Harmonia, foi convidado a participar dos mais importantes Festivais realizados no País. O Conselho Estadual de Cultura concedeu-lhe, em 1998, o “Diploma de Honra ao Mérito” pelos relevantes serviços prestados à cultura paraibana. Reside no Brasil desde 1961, tendo adotado a cidadania brasileira em 1969. A UFPB, por ocasião das solenidades de comemoração do seu cinquentenário, concedeu a José Alberto Kaplan o título de Professor Emérito e a Comenda Sapientia Aedificat, em 2 de dezembro de 2005 – a mais alta honraria da instituição.