Relacionamentos abusivos frequentemente se escondem por trás de fachadas sociais, dificultando a identificação precoce dos sinais de violência. Muitas vezes, as vítimas permanecem em situações perigosas por medo, dependência emocional ou por acreditarem que podem mudar seus parceiros.
Em alguns casos, essas histórias terminam de forma trágica, como ocorreu com Maryam Hamka, uma mulher de 36 anos cuja ausência repentina em 2021 deu início a uma investigação que revelaria um enredo de abusos, ameaças e morte.
Maryam estava envolvida com Toby Loughnane, um homem com antecedentes criminais que incluíam violência, direção perigosa e envolvimento com drogas. Familiares e amigos notaram comportamentos agressivos, marcas de violência e episódios de perseguição protagonizados por ele.
Em uma ocasião, foi visto gritando com ela em público, e em outra, invadiu a casa de seus familiares e ameaçou pessoas próximas a ela. O relacionamento entre os dois era marcado por tensão constante e, segundo relatos, um padrão de abuso psicológico e físico que se intensificava com o tempo.
A última vez que Maryam foi vista por sua mãe foi dias antes do desaparecimento, quando, mesmo sendo tratada de forma agressiva por Loughnane, entrou em seu carro.
Em 10 de abril daquele ano, câmeras de segurança registraram Maryam fazendo compras, e após esse momento, suas comunicações cessaram de forma abrupta. Vizinhos relataram ter escutado gritos na casa de Loughnane na madrugada seguinte.
As mensagens que supostamente teriam sido enviadas por Maryam depois disso levantaram dúvidas: teriam sido realmente dela? As investigações revelaram mensagens ameaçadoras enviadas por Loughnane a Maryam, expressando desejos violentos e detalhando torturas.
Em agosto de 2021, diante da ausência de pistas concretas, as autoridades passaram a tratar o caso como homicídio. Loughnane foi detido, mas se manteve em silêncio sobre o paradeiro de Maryam.
A situação mudou apenas dois anos depois, quando um conhecido dele, Oscar Newman, relatou ter sido procurado por Loughnane após a morte da mulher, em busca de ajuda.
Essa revelação levou a polícia a uma região ao sudeste de Melbourne, onde, em uma cova rasa, foram encontrados os restos mortais de Maryam. Loughnane declarou que ela teria sofrido uma overdose em sua casa, e por medo, ele optou por esconder o corpo em vez de acionar os serviços de emergência.
Em 2024, ele enfrentou um julgamento no qual sua defesa tentou minimizar o ocorrido, alegando que seu erro foi não pedir socorro. No entanto, a promotoria apresentou provas de uma longa trajetória de abusos, incluindo um vídeo perturbador gravado na noite do desaparecimento, em que Maryam aparece vulnerável e sendo humilhada pelo seu algoz.
O caso de Maryam Hamka expõe, de forma brutal, os riscos de um relacionamento abusivo não interrompido a tempo. Ele também levanta reflexões urgentes sobre a necessidade de apoio às vítimas, intervenções mais rápidas das autoridades e a importância de redes de proteção eficazes.