Durante uma participação recente no podcast “Inteligência Ltda.”, o ex-presidente Jair Bolsonaro apontou a deputada federal Carla Zambelli como uma das responsáveis por sua derrota no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
O episódio que gerou a crítica remonta à véspera da votação, quando Zambelli sacou uma arma e perseguiu um homem em plena via públicana cidade de São Paulo.
Na avaliação de Bolsonaro, a atitude da aliada comprometeu a imagem de sua campanha, especialmente por reforçar o discurso de armamentismo com o qual ele já era amplamente associado.
Bolsonaro acredita que a repercussão do vídeo influenciou negativamente parte do eleitorado, provocando rejeição mesmo entre os que não apoiavam seu adversário. Para ele, o gesto de Zambelli passou a ideia de que suas propostas para ampliar o porte de armas poderiam estimular comportamentos violentos.
O ex-presidente afirmou que, antes do ocorrido, sua candidatura demonstrava vantagem expressiva no estado de São Paulo, e que o episódio contribuiu para reverter esse cenário.
Zambelli responde na Justiça por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com uso de arma de fogo. O Supremo Tribunal Federal já formou maioria pela sua condenação, com seis ministros votando a favor de uma pena de 5 anos e 3 meses de prisão, além da perda do mandato.
Contudo, o julgamento foi suspenso após pedido de vista do ministro Nunes Marques, o que gerou expectativa entre os defensores da deputada, que esperam reverter o cenário.
Mesmo com a maioria formada no STF, a parlamentar só perderá oficialmente seu mandato após o esgotamento de todas as possibilidades de recurso. Além disso, Zambelli enfrenta outra decisão judicial desfavorável: no fim de janeiro, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo cassou seu mandato.
Neste caso Zambelli, foi condenada por divulgar conteúdos que questionavam a legitimidade do processo eleitoral de 2022. Essa decisão, no entanto, ainda aguarda análise pelo Tribunal Superior Eleitoral. O caso expõe as tensões internas no campo político conservador e revela as consequências de atitudes extremas em momentos críticos de disputa eleitoral.
A postura de Bolsonaro ao atribuir sua derrota a uma aliada próxima indica um reposicionamento estratégico, com foco na reconstrução de sua narrativa e na tentativa de dissociar sua imagem de episódios que tenham gerado desgaste.
Enquanto isso, o destino político de Carla Zambelli permanece indefinido, à espera dos desdobramentos judiciais. As imagens de Carla com arma em punho perseguindo um cidadão pelas ruas de São Paulo viralizou nas redes sociais.