‘Eles não estão mortos’: Relato impressionante de coveiro aponta o que poucos conseguem enxergar em um cemitério; vídeo

O coveiro se tornou uma celebridade nas redes sociais.

Paulo Lima, um mineiro de 58 anos, transformou completamente sua trajetória de vida ao unir trabalho, filosofia e bom humor em um ambiente onde poucos imaginariam encontrar leveza: o cemitério.

Em 2017, enquanto trabalhava como mototaxista para financiar seus estudos em Direito, decidiu prestar concurso público para coveiro no município de Barbacena, localizado no interior do estado de Minas Gerais.

Aprovado em primeiro lugar, iniciou sua nova função no início do ano seguinte, mesmo sem qualquer familiaridade com a rotina de um cemitério.

Desde então, redefiniu sua percepção sobre o local, que passou a chamar carinhosamente de “Cemiti” e a si mesmo de “agente de prisão perpétua”, fazendo alusão ao destino eterno dos que ali descansam.

Com o tempo, Paulo passou a compartilhar nas redes sociais o cotidiano no Cemitério da Boa Morte, onde trabalha. Em vídeos que misturam humor e reflexão, ele mostra sepultamentos, exumações, a limpeza de túmulos e pequenas histórias que cercam os mortos e vivos que circulam por lá.

O conteúdo logo viralizou: seu primeiro vídeo alcançou 1,5 milhão de visualizações em um dia, alavancando seu número de seguidores de zero para 25 mil praticamente da noite para o dia.

Atualmente, Paulo soma cerca de 450 mil seguidores e vídeos com milhões de visualizações. Em suas postagens, além da rotina funerária, ele aborda temas como filosofia, teologia e história, inspirando-se em pensadores como Mario Sergio Cortella, Leandro Karnal e escritores como Ariano Suassuna.

O cemitério, que abriga figuras históricas como baronesas, viscondes e ex-governadores, é retratado por ele como um espaço de memória, arte e ensinamentos profundos sobre a vida.

As histórias sobrenaturais também têm lugar garantido em seus relatos, sendo as mais apreciadas pelos seguidores. Paulo compartilha casos próprios e de colegas, como a aparição de uma mulher com vestido amarelo de bolinhas pretas, que ele afirma ter atravessado durante a limpeza de um túmulo.

“No início, eu pensei que eu estava ficando doido. Mas não estava, é comum avistar espíritos por lá mesmo”, disse em um trecho da entrevista que Paulo concedeu de maneira serena.

https://www.instagram.com/reel/C68teEfsvef/

Apesar do tom descontraído, ele trata com seriedade os momentos difíceis da profissão, especialmente os sepultamentos de crianças, que considera os mais dolorosos de enfrentar.

Para além do entretenimento, o trabalho de Paulo convida à reflexão sobre o valor da vida, a finitude e a importância de viver com propósito. Ele defende que, enquanto se está vivo, é preciso dar o melhor de si, pois no fim, os bens materiais ficam, e o que permanece é a lembrança.

Paulo ainda destaca o respeito que mantém com os que ali descansam: sempre pede licença ao entrar no cemitério e ao sair, volta-se de costas, num gesto de reverência às almas.

“Quando você chega no cemitério, tem de pedir licença para entrar. Ninguém entra na sua casa sem pedir, né? E quando for sair, tem de sair de costas, pedir licença e pedir para que as almas não te acompanhem”, explica

Para ele, enquanto houver quem lembre, cuide e fale dos que partiram, a morte não se concretiza totalmente — o verdadeiro fim, acredita, é o esquecimento, afirma Paulo.

Escrito por

Fabiana Batista Stos

Jornalista digital, com mais de 10 anos de experiência em criação de conteúdo dos mais diversos assuntos. Amo escrever e me dedico ao meu trabalho com muito carinho e determinação.