Uma troca de mensagens entre figuras próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro revelou tensões internas e comentários desdenhosos sobre uma possível candidatura de Michelle Bolsonaro à Presidência em 2026.
O conteúdo, divulgado nesta sexta-feira (16) pelo portal UOL, expõe diálogos entre Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Fabio Wajngarten, ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência e atualmente parte da equipe jurídica do ex-mandatário.
As conversas, datadas de janeiro de 2023, ocorrem logo após o retorno de Michelle de Orlando (EUA), onde havia acompanhado Bolsonaro na saída do país às vésperas da posse de Lula.
Na troca, ambos tratam com deboche a notícia de que Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, cogitava lançar Michelle como sucessora de Bolsonaro. Cid, em tom sarcástico, chegou a afirmar que preferiria votar em Lula.
Wajngarten concordou, insinuando desprezo pela ideia e questionando o juízo de Valdemar. Em mensagens subsequentes, os dois discutem a imagem da ex-primeira-dama, apontando que sua personalidade e passado poderiam ser alvos fáceis para adversários políticos, caso ela optasse por seguir carreira pública.
A conversa também menciona a insatisfação de Michelle com Cid, a quem ela acusa de vazar informações à imprensa que a retratavam negativamente. O episódio, ocorrido em dezembro de 2022, pouco antes da viagem de Bolsonaro aos EUA, intensifica os sinais de desavenças entre a ex-primeira-dama e membros da antiga equipe presidencial.
Apesar do burburinho sobre uma possível candidatura de Michelle, Bolsonaro tem evitado endossar oficialmente qualquer nome. Em recente declaração, disse que vários nomes da direita podem surgir e destacou a tentativa de Michel Temer em unir o espectro conservador em torno de uma candidatura única contra Lula.
Entretanto, o ex-presidente também fez críticas veladas a Tarcísio de Freitas, seu ex-ministro e atual governador de São Paulo, apontando sua suposta falta de experiência política.
Os conteúdos extraídos do celular de Mauro Cid pela Polícia Federal, somando mais de 158 mil mensagens, têm sido decisivos para revelar bastidores e disputas internas do grupo bolsonarista.
A revelação dos conflitos e acusações que envolvem a família Bolsonaro e seus antigos aliados reacende o debate sobre o futuro da direita brasileira, ainda em busca de uma liderança consolidada para 2026.
