O casal conheceu-se pessoalmente ha cerca de 2 anos, e de acordo com Lourenzo, que é de Guarujá, litoral do estado de São Paulo, a gestante aconteceu de uma maneira totalmente inesperada. Ele que conta que já tomava hormônio há cerca de quatro anos, e devido a falta de profissionais da saúde especializados em sexualidade e gênero onde ele residia, ele parou de fazer harmonização, porém ele conta que por ter tomado por muito tempo, ele imaginou a possibilidade de ser estéreo, pois a testosterona pode afetar o útero e devido a isso nunca foi cogitado que isso pudesse ocorrer. No início, ele ficou muito surpreso e não sabia como lidar pous estavam no meio de uma pandemia mundial, sem emprego e ambos são artistas, a situação não estava nada favorável.
Ele afirma que foi um processo de redescobrir o próprio corpo, aprender a se ver de uma perspectiva diferente e entender o seu corpo — o corpo de um homem — que também pode trazer uma vida ao mundo, e que isso também é um grande privilégio. E hoje ele entende, que foi preciso que ele passasse por esse processo.
Além do processo de ressignificação do próprio corpo, o casal trans ainda precisou ter que lidar com o preconceito das pessoas. Contam que até os sete meses de gestação, em todos os lugares que foram realizar os procedimentos necessários de uma gestação, sofreram transfobia dos funcionários do local — desde o pessoal que trabalha como recepcionista até os profissionais da área da saúde. Ninguém estava preparado para lidar com um homem esperando um filho, o que não é uma coisa diferente de uma mulher cis, só muda os pronomes e o gênero. Os profissionais nem se quer respeitaram o nome social, o que é lei.
Durante todos os sete meses de gravidez, a Biônica Filmes e a Caputi fizeram contato com o casal, com uma proposta de um realizar um documentário sobre a gravidez. Ele conta que foi então que uma coordenadora de saúde do estado paulista fez contato com ele contando que já havia realizado atendimentos a homens trans gestante e que poderia dar suporte. Lorenzo não esconde a aflição que tem em relação a educação do filho.