Um episódio inusitado e envolto em mistério mobilizou as autoridades na Rodovia dos Imigrantes, no trecho que corta o município de Cubatão, localizado no litoral do estado de São Paulo, na última sexta-feira (2).
Um soldado da Polícia Militar, durante operação de rotina no km 58 da rodovia, avistou a cerca de 100 metros objetos que sugeriam um possível ritual religioso.
Ao se aproximar, deparou-se com um crânio humano, disposto ao lado de um prato branco, duas velas, uma preta e outra vermelha e uma carta manuscrita. O caso foi imediatamente comunicado à Polícia Civil, que classificou a ocorrência como morte suspeita e encontro de cadáver.
O conteúdo da carta, revelado nesta semana, chama atenção pelo teor simbólico e místico. Escrita em papel de caderno e datada de 10 de abril de 2025, a mensagem foi assinada por um suposto “Sr. Caveira”, referência direta à entidade Exu Caveira, cultuada em tradições afro-brasileiras como a Umbanda e o Candomblé.
O texto afirmava que o leitor estava diante de uma “força extraordinária” e que não deveria ignorar a oportunidade. O autor desejava ao interlocutor “caminhos de luz e amor” e indicava instruções para garantir proteção espiritual, sugerindo acender uma vela e oferecer bebida.
A carta finalizava com a frase “estamos juntos a partir de agora”, sugerindo a intenção de estabelecer uma conexão espiritual com quem lesse o recado e causando arrepios.
O cenário montado, crânio, velas, prato e mensagem, remete a práticas rituais e invocações comuns em determinadas linhas religiosas, embora o uso de restos mortais humanos nesse tipo de culto não seja prática regular nem autorizada dentro das tradições oficiais dessas religiões.
As equipes do Instituto Médico Legal (IML) realizaram a remoção do crânio, que passará por exames periciais para identificação e possível cruzamento com bancos de dados de pessoas desaparecidas.
Enquanto isso, a Delegacia de Cubatão segue com a investigação para esclarecer a origem do crânio, verificar se há indícios de crime e identificar eventuais envolvidos.
Casos como este desafiam o trabalho policial por mesclarem elementos culturais e religiosos com circunstâncias que podem envolver crimes. A SSP reforçou que todas as linhas de apuração estão em aberto, e que o principal objetivo, neste momento, é entender se há um contexto criminal por trás do achado.
O mistério em torno do “Sr. Caveira” segue sem respostas claras, e a investigação tenta agora separar o misticismo da realidade forense. O caso chamou a atenção e ganhou destaque nos principais portais de notícias do país.