O ator Jota Barletta se prepara para sua grande estreia no cinema com o longa “A Quarta Parede”. No filme, ele interpreta Nicolas, um ator baiano que é escalado para a peça de teatro: “Entre Quatro Paredes”, de Jean Paul Sartre. Durante a trama, ele é vítima de um crime virtual, que traz reflexões sobre homofobia, sexismo e misoginia
Com temática forte e atual, gostaríamos de sugerir uma entrevista com o ator, que pode contar mais detalhes sobre a história do filme, a preparação para viver o personagem e sobre sua estreia nas telonas.
Como foi viver o personagem Nicolas em “A Quarta Parede”?
Nicolas é fruto de uma sociedade machista, de uma masculinidade tóxica onde meninos não podem chorar, amar, demonstrar afeto. Ao mesmo tempo o Nicolas é ator, justamente uma profissão que expressa sentimentos. Essa dualidade vivida por ele é algo presente na vida de muitos jovens, inclusive eu. Poder contar a história de um menino em processo de assimilação da sua sexualidade, vítima dessa eterna dicotomia do Ide e Superego, da influência desses padrões comportamentais já pré estabelecidos em sua mente, foi um prazer, de uma mensagem social muito importante.
A saúde mental dos jovens gays são afetadas diretamente por essa sociedade intolerante. O que acontece com o Nicolas é muito, mas muito comum, e os números são alarmantes! Que o filme chegue principalmente aos pais, familiares desses jovens, porque isso pode estar acontecendo em suas próprias casas!
Durante o filme, são abordados temas como a homofobia, o sexismo e a misoginia. Acha importante trazermos esses assuntos para o público através da cultura?
Com certeza. A arte é um dos fios condutores de maior importância para as evoluções sociais. As revoluções aconteceram através da arte. Quando falamos em renascimento, qual a primeira coisa que vem na cabeça?
O renascimento foi caracterizado pela transição do feudalismo pro capitalismo, ou seja, o sistema financeiro atual foi moldado nesse período, mas o que fica na nossa cabeça são as obras de Da Vinci, Michelângelo, Rafael. Olha o poder da arte! É avassalador, transcendental!
Pela primeira vez nas telonas, a gravação do filme foi iniciada em 2016, o que essa experiência no projeto trouxe para sua vida?
Me mostrou que não é só esse mundo das ideias, esse platonismo todo que existe, que eu preciso me adequar a esse sistema financeiro. Concordando ou não, eu tive a consciência disso.
É um trabalho, tenho que mostrar resultados em um espaço de tempo determinado, outras pessoas estão envolvidas. Me fez sair só do academicismo e ter uma primeira experiência com o mercado.
O que o público poderá esperar de você nas telonas?
Sensibilidade. Principalmente por se tratar de uma problemática muito comum e delicada. Queria muito demonstrar o quanto a expressão de sentimentos é importante para todos os meninos e jovens!
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Convido a todos a assistirem a “Quarta Parede” que estreia dia 09/05 pela rede Cinemark em 18 cidades no Brasil. O filme mostra essa modernidade líquida que vivemos, onde as relações são efêmeras, e como a maioria da sociedade trata assuntos sociais: de forma rasa e não aprofundada.
E como isso, junto com a intolerância, pode trazer consequências irreparáveis. Sigam nossa página no Instagram para mais informações, as cidades que passarão, os horários, trailer, tá tudo lá no Instagram. Vamos dar apoio à cultura brasileira, que ultimamente tem sido muito desvalorizada!