Movimentos inesperados na política nacional, ainda que feitos por figuras fora do espectro tradicional, costumam atrair holofotes e gerar especulações. Foi exatamente o que ocorreu quando o cantor sertanejo Gusttavo Lima.
Conhecido por seu apoio explícito a Jair Bolsonaro e por seu sucesso no universo sertanejo, anunciou, no início de janeiro, sua intenção de disputar a Presidência da República em 2026.
A notícia, que ganhou tração na imprensa, surpreendeu parte da opinião pública e logo passou a ser associada a um possível projeto articulado nos bastidores por aliados do ex-presidente.
Segundo o jornalista Henrique Rodrigues, do portal Fórum, conforme os dias avançaram, os rumores de que a candidatura seria, na verdade, um teste de popularidade patrocinado por Ronaldo Caiado, governador de Goiás, começaram a circular com mais força.
Gusttavo Lima e Caiado têm uma relação próxima, evidenciada em episódios como a presença do político em uma comemoração privada do cantor na Grécia. Desde então, a dupla passou a aparecer com frequência em eventos, alimentando suspeitas de uma aliança com propósitos eleitorais.
Porém, no dia 19 de março, menos de três meses após o anúncio inicial, o sertanejo recuou publicamente, alegando que, embora quisesse ajudar o Brasil, não pretendia disputar nenhum cargo político e que sequer era filiado a partido.
O recuo repentino acendeu um novo alerta nos bastidores, que ganhou contornos mais definidos com a revelação de um encontro reservado ocorrido poucos dias antes, em 14 de março.
Segundo informações do colunista Igor Gadelha, Gusttavo Lima esteve reunido com Jair Bolsonaro e o governador paulista Tarcísio de Freitas, em uma área isolada do Palácio dos Bandeirantes.
A reunião não foi registrada oficialmente e tampouco divulgada nas redes dos participantes, prática incomum para figuras públicas com hábitos notoriamente midiáticos.
Com esse episódio revelado, surgem diversas possibilidades sobre o real motivo do recuo de Gusttavo Lima. Entre as hipóteses levantadas estão a pressão exercida por Bolsonaro para evitar divisões no campo conservador ou até a utilização do nome do cantor como manobra para testar a aceitação de nomes alternativos.
Em qualquer cenário, a desistência do cantor pode ter minado os planos de Ronaldo Caiado, que tenta consolidar-se como nome viável para 2026, num momento em que as alianças e estratégias do campo da direita ainda estão em redefinição.
A movimentação, longe de ser apenas simbólica, revela a complexidade dos bastidores que envolvem o cenário político em tempos de redes sociais e celebridades envolvidas em disputas de poder.