Após ela ficar algumas horas na UTI, depois do parto, finalmente eu pude estar com a minha filha por alguns momentos.
Entretanto, uma mulher chegou na porta do meu quarto do hospital para fazer questionar o que eu desejaria tomar de café da manhã. E antes mesmo que eu pudesse a responder, ela já perguntou se o bebê era meu. E então eu imaginei que a próxima fala fosse um elogio, tipo falando que ele era um doce ou sobre as suas bochechas.
E nesse exato momento foi onde tudo começou, diversas pessoas desconhecidas ficavam a vontade para questionar se eu era realmente a mãe de Bonnie ou para falar sobre o tom de pele.
Aconteceu no lugar onde eu dei à luz. E a situação iria se repetir diversas vezes mais tarde, enquanto fazia compras, sentada em locais públicos ou até mesmo indo visitar pessoas próximas.
Quando ela estava na maternidade, enviou fotos do filho para pessoas a qual eu amava e algumas responderam com frases de apenas uma linha e com zero entusiasmo.
Ela e o bebê ficaram cinco dias no hospital, sozinhos. A moça deu à luz enquanto estava na primeira onda do vírus da Covid-19. Ela e o seu companheiro só conseguiam se ver através de chamadas de vídeo do WhatsApp. Após cinco semanas da saída do hospital, até uma simples caminhada tornou-se bastante desagradável.
Todos os comentários ruins sobre a tonalidade da pele da minha filha, são feitos pelas pessoas da mesma cor que a minha. Eu nunca entendi e jamais imaginei que as famílias mestiças tivessem que passar por essa situação desagradável.