A fronteira entre a aprovação e a rejeição de um governo pode ser frágil e muitas vezes basta um escândalo de grande repercussão para inverter o humor da população.
É o que mostra a mais recente pesquisa Genial/Quaest, que apontou um recorde na desaprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Impulsionado pelas denúncias de fraudes no INSS, o índice de reprovação chegou a 57%, o mais alto desde o início do mandato.
Divulgado nesta quarta, dia 4 de junho, o levantamento revela que apenas 40% dos entrevistados aprovam a gestão atual, enquanto 3% não souberam ou preferiram não responder.
O escândalo envolvendo desvios de recursos do Instituto Nacional do Seguro Social atingiu em cheio a imagem do governo, sendo citado por 81% dos entrevistados como de amplo conhecimento público. Para 31% dos brasileiros, a culpa pelas fraudes é diretamente atribuída ao governo Lula.
Apenas 8% responsabilizam a gestão anterior, de Jair Bolsonaro. Os dados também revelam um panorama detalhado da desaprovação por perfis sociais: o presidente é mais rejeitado entre evangélicos (66%), moradores do Sudeste (64%) e pessoas com renda superior a cinco salários mínimos (61%).
No extremo oposto, a aprovação é mais alta entre nordestinos (54%), idosos com 60 anos ou mais (52%) e pessoas negras (51%). A pesquisa indica ainda que 50% dos entrevistados apoiam a abertura de uma CPI para investigar o caso do INSS, enquanto 43% acreditam que a apuração deve ficar sob responsabilidade da Polícia Federal.
Já sobre a devolução dos valores desviados, a maioria (52%) defende que isso seja feito com os recursos das entidades envolvidas, e não com dinheiro público. O desgaste causado pelo escândalo no INSS evidencia o quanto a estabilidade de um governo pode ser minada por crises de confiança.
Em meio a um cenário econômico com sinais positivos, o fator político, especialmente ligado à ética e transparência segue sendo o maior desafio para Lula manter sua base de apoio.