A retomada do debate sobre o desarmamento levou a sociedade a questionar mais uma vez a facilidade com que bandidos têm acesso a armas para realização de crimes. Somente nos 20 primeiros dias do ano, as polícias Civil e Militar apreenderam 121 armas de fogo no estado da Paraíba. Mas, na discussão sobre o tema, uma realidade surge e preocupa: policiais civis e militares paraibanos estão tendo de comprar armamento, algumas vezes de forma ilegal, para compensar a falta de armas do estado ou o sucateamento delas. A informação é confirmada pelos próprios policiais e ratificada pelos sindicatos da categoria. No acesso ao mercado negro das armas, a corrupção aparece e envolve agentes do estado no abastecimento do crime organizado.
Na Polícia Militar a situação chega a ser mais preocupante. Os revólveres que são entregues aos policiais não sem comparam, nem de longe, ao armamento encontrado com bandidos durante operações. No interior então, onde quadrilhas especializadas em assaltos a bancos têm agido com uso de pistola, fuzis e até metralhadoras, os revólveres dos soldados são obrigados a se esconder para preservar a própria vida. Na Polícia Civil, a qualidade das armas entregues – geralmente pistolas – tem melhorado, mas a categoria se depara com outro problema. “Geralmente as pistolas entregues não são tão boas, e a gente tem de ter um backup (uma arma reserva) para em caso da primeira falhar o policial não ficar refém. Mas a secretaria não tem ajudado nisso. Aí o policial se vê obrigado a comprar outra arma melhor, por questão de segurança mesmo”, conta um agente de investigação.
Nas delegacias da capital o uso de armas
pessoais no trabalho não é mais novidade. Virou coisa comum. “Todo mundo
conhece essa situação. Faltam armas melhores e em alguns casos até
munição. Para garantir sua segurança o policial tem de se virar e tirar
(dinheiro) do próprio bolso para ter uma arma melhor para trabalhar.
Afinal estamos em risco todo dia no combate à criminalidade”, ressalta o
presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado da
Paraíba (SSPC/PB), Antônio Erivaldo Henrique de Souza. O Coronel
Francisco de Assis, presidente do Clube dos Oficiais da Polícia Militar,
destaca que na corporação o uso de armas pessoais acontece porque
muitos dos revólveres disponibilizados pela secretaria são antigos e não
possuem uma maior precisão, deixando as equipes em desvantagem numa
situação de confronto. “Primeiro que a quantidade (de armas) não supre a
necessidade e depois porque há muitos revólveres antigos, enquanto os
bandidos agem com armamento mais pesado”, comentou.