Girlan Idalino
Repórter
Pastores de João Pessoa desaprovam a iniciativa das igrejas que utilizam o nome de Deus para vender produtos nem um pouco religiosos. “De graça recebeste e de graça dás”, diz o pastor José Dias Sobrinho, da Igreja Betel de Jaguaribe, citando Mateus, capítulo 10, versículos 8 e 9. “O Evangelho não pode ser misturado com nada, ele é o poder da transformação”, prega.
O Pastor ressalta que não é contra a tecnologia e vê a internet como mais uma das alternativas para divulgar a Palavra de Deus. “Tudo que puder propagar o Evangelho é sadio e válido”, afirmou Sobrinho. O que ele não admite são excessos como o de disponibilizar um livro erótico para ser vendido em um site religioso. “O erotismo é um movimento da carne que não tem aprovação no Evangelho. Se alguma igreja estiver fazendo isso, tem algo errado em seu seio”, alerta.
Segundo o pastor Estevam Fernandes, da Primeira Igreja Batista, ultimamente vem se assistindo a uma verdadeira mercantilização da fé. “A religião está se tornando um grande negócio. São muitos os que, sem nenhum pudor, exploram a fé através de produtos supostamente sacralizados”, observa.
Por outro lado, o pastor admite que é impossível imaginar qualquer prática de culto sem a necessidade do dinheiro, como base material de sustentação dos serviços religiosos. “O catolicismo, o protestantismo, o budismo ou qualquer outro grupo não podem sobreviver sem o suporte financeiro que vem da venda de artigos como livros, bíblias e símbolos sagrados”, destaca.
Estevam Fernandes informa que a Primeira Igreja Batista mantém uma livraria como apoio espiritual e que, apesar do serviço ser terceirizado, parte do lucro é investido em missões e evangelização. “A grande questão ética hoje, é separar entre o comércio religioso como suporte da fé, através da divulgação e publicação do pensamento, doutrinas e práticas específicas, e a mercantilização de fé como exploração de práticas mercenárias e mentirosas”, protesta. O pastor destaca que a venda de objetos miraculosos, como sal grosso, santinhos, água ungida, amuletos, entre outros, exploram a ignorância e materializam os elementos sobrenaturais da experiência religiosa.
O pastor Nelson Monteiro da Silva, da Igreja Missionária Evangélica Pentecostal do Brasil, da Torre, é contido em suas declarações. “A Igreja Universal tem características próprias. Não me disponho a comentá-las por questões éticas”, declarou. Segundo o pastor, é normal a venda de produtos, desde sejam religiosos e não haja exageros. A Igreja Pentecostal da Torre ainda não tem site, mas o pastor informou que esta tecnologia faz parte dos projetos futuros. “Estamos construindo o nosso site, pois este é mais um meio de propagar o Evangelho”, diz.
O vice-presidente da Assembléia de Deus em João Pessoa, pastor Fernando da Silva, prefere não fazer maiores comentários sobre o assunto. “O que posso dizer é que, biblicamente, não está correto”, desconversa. A reportagem de O NORTE não conseguiu ouvir pastores da Igreja Universal do Reino de Deus.