Movidos pelo espírito da solidariedade

Movidos pelo espírito da solidariedade

A lição de vida daqueles que viram “pais especiais” de crianças carentes, abandonadas e sem perspectiva de um futuro melhor

O dia hoje sugere muitas homenagens ao papai, uma figura de característica marcante e que faz tudo para agradar às suas crias. Entre estas características, existe este “pai especial”, alguns são missionários católicos, que optaram por não ter filhos, outros são evangélicos, que dedicam parte de suas vidas à educação e a formação dos filhos dos outros, movidos pelo coração e pelo espírito da solidariedade.

Djalmi, que tem um filhinho de 1 ano e seis meses, diz que é muito feliz com o caminho que escolheu. “Elas nos tratam com muito respeito e carinho e nossa luta é para que tenham uma vida digna quando tiverem que sair daqui”.
Atualmente a Missão Restauração está com treze meninas, na idade de 05 a 15 anos. Mica não nega que a manutenção da casa é difícil.
“Mas, estamos sempre correndo em busca da solidariedade das pessoas da comunidade, para poder manter os trabalhos e garantir os estudos e o futuro delas”, acrescenta.

Órfãos da AIDS

O Pe. Virgílio Almeida, pároco da Igreja de Santa Júlia, também é um dos que será saudado hoje, no dia dedicado aos pais. Ele é responsável pela Casa Pe. Ibiapina, instituição filantrópica, que acolhe crianças e adolescentes em situações especiais. Alguns também foram abandonados pelos pais e outros são órfãos de pessoas que morreram de AIDS.

Ele conta que, inicialmente, a instituição tinha a proposta de acolher apenas os órfãos dos portadores do HIV, mas agora, com o crescimento de crianças/adolescentes em situação de risco na cidade, o atendimento teve que ser estendido a essa clientela, que é enviada pelo Conselho Tutelar. ” Nós não temos mais opção, temos crianças a partir dos 6 anos e até 15 anos”, diz o Pe. Virgílio.

Ele lembra, entretanto, que a prioridade é para os meninos/as que perderam a referência com suas famílias. ” Quando vêm das ruas, procuramos encontrar os familiares. Se tem família, passamos por um processo de nova adaptação e ele retorna para o seio familiar”, alega o pároco, que conta com a ajuda do casal Cristiane e Elenilson na criação dos garotos.

Elenilson, outro pai do coração, também já foi menino de rua, passou pela experiência das drogas e praticou arruaças. Conheceu a igreja, se recuperou e hoje trabalha fora de casa, além de contribuir diretamente com a formação educativa dos garotos, que recebem o acompanhamento do Pe. Virgílio. “Muitos deles saem de casa porque têm problemas com o padrasto, então são acolhidos também”, diz ele.

Assumindo a paternidade educativa


Ricardo Rian, coordenador da Fundação Dom Helder Câmara, também assumiu a “paternidade” educativa de 255 crianças/adolescentes na faixa etária de 3 a 17 anos de idade. Junto com a esposa, Luciene Martins e outros voluntários, ele coordena os trabalhos educativos e culturais da Fundação Dom Helder Câmara, localizada numa granja próxima ao Mutirão Mário Andreazza – uma comunidade humilde da periferia da cidade de Bayeux.

Casado há doze anos com Luciene, o casal ainda não tem filhos, mas literalmente ” adotou” a garotada, que segundo diz, fazia parte de um índice de 86,8% que estava solta nas ruas de João Pessoa, conforme apontou um senso da Prefeitura da capital. ” Na época, nos solidarizamos com estas crianças, passamos a refletir sobre o que poderíamos fazer por elas e a estudar um local. Com a colaboração de quatro irmãs religiosas da Congregação das Irmãs de Caridade Mãe da Misericórdia Joannes Zyjsen, foi possível comprar a granja, que estava à venda, próxima à comunidade e hoje estamos aqui, prestes a ampliar os trabalhos das oficinas na Granja, para estimular muito mais a participação deles”, diz Rian.

O trabalho vai completar três anos no mês de outubro próximo. Rian anunciou a construção de uma quadra de esportes. “É gratificante. Sou muito feliz com tudo isso que vem acontecendo”, diz o paizão do coração, que hoje pode ser que não esteja sendo abraçado pela meninada, como nos dias da semana, mas explica: ” é que nossa luta é para que eles superem os problemas em casa e fiquem junto aos seus pais. Nosso trabalho visa antes de tudo, a reintegração das crianças às suas famílias e hoje deve ser um dia de confraternização entre eles, conforme orientamos. Depois faremos nossa confraternização”, avisa, otimista.

Missão Resgate

O missionário Francisco Sant’anna, junto com outros abnegados, também vive com a missão de “adotar”, temporariamente os filhos que foram abandonados pelos pais biológicos, num trabalho realizado pela Missão Resgate, no bairro do Bessa.

A entidade é evangélica e funciona no sistema de internato ou casa-lar com crianças na faixa de meses a 14 anos.
A maioria destas crianças fora vítima de maus tratos e abandonada pelos familiares. Ele conta que são encaminhadas pelos Conselhos Tutelares e muitas chegam com alta desnutrição, com doenças físicas e psicológicas.
“Garantimos os direitos delas, além de darmos carinho e muita atenção”, diz Francisco, lembrando que a luta dos missionários é, para que, com o apoio da comunidade, possam garantir o resgate ao direito de cidadania delas, que vivem como se estivessem no seu próprio lar.

Origem


A tradição do Dia dos Pais tem origem nos Estados Unidos e data de 1910, quando uma jovem chamada Sonora Louise Smart Dodd teve a idéia de homenagear o dedicado pai dela, Willian Smart, com uma grande festa.
Depois disso, muitas famílias decidiram seguir o exemplo e a comemoração se espalhou pelo país nos anos seguintes. Em 1972, o então presidente Richard Nixon – decretou que o Dia dos Pais seria comemorado todo o ano, no terceiro domingo de junho.

No Brasil, a data é comemorada no segundo domingo do mês de agosto. A primeira comemoração ocorreu no dia 14 de agosto de 1953, uma iniciativa importada pelo publicitário Silvio Bhering.

Hoje, em quase todos os lares da Paraíba e do Brasil, é possível que estejam sendo realizadas confraternizações em homenagem aos pais, em especial, aqueles sempre presentes, que dedicam amor e carinho aos seus filhos, além de cumprir o trivial dever de pai.

Escrito por

Wesley Silva

Jornalista pós-graduado em mídia e redes sociais e jornalismo com passagens pelo Portal R7, Jornal do Trem, Impacto Comunicação.